segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Modismo, uma questão cultural

Juiz da Flórida revoga lei contra moda de 'calça caindo'
Um juiz no Estado americano da Flórida considerou inconstitucional uma lei que colocou um adolescente na cadeia por usar calças largas que caiam expondo a sua cueca.
Julius Hart, de 17 anos, passou a noite na prisão depois de ter sido detido pela polícia por expor 10 centímetros da sua cueca na forma de shorts, na Riviera Beach, no sudeste da Flórida.
Legisladores da cidade aprovaram a norma em março, depois que ela foi apresentada em um abaixo-assinado.


Carol Bickerstaff, advogada de Hart, pediu ao juiz Paul Moyle para rejeitar a lei, dizendo: "Meritíssimo, nós temos agora uma polícia da moda."
Antes do veredicto, Moyle disse: "Nós não estamos falando da exposição das nádegas. Não. Nós estamos falando de alguém que usa calças cuja roupa de baixo é aparentemente visível a um policial que, então, realiza a prisão. E, esta foi a base para ele ser detido por uma noite."


Popularidade
Iniciativas para proibir calças largas do tipo "baggy" estão ganhando popularidade em várias partes dos Estados Unidos.
Dallas, no Texas, e Atlanta, na Geórgia, estão entre as grandes cidades americanas que consideram medidas semelhantes.
Mas grupos pelas liberdades civis dizem que tais leis vão afetar principalmente jovens afro-americanos.
Acredita-se que esta moda começou nas prisões, onde detentos recebiam uniformes com calças largas e tiveram os cinturões removidos para impedir enforcamento ou seu uso para chicotadas.
A tendência ficou mais conhecida ao aparecer em vídeos de rappers celebrando uma vida de gângsteres nos anos 80, e daí passou a ser adotada por praticantes de skate e em escolas.


Fonte: BBC Brasil
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Uganda quer proibir minissaias que 'causam acidentes'

O ministro ugandense de Ética e Integridade, Nsaba Buturo, afirmou que as minissaias devem ser banidas do país porque mulheres que as usam distraem os motoristas e provocam acidentes de trânsito.
Em uma entrevista coletiva na capital, Kampala, Buturo disse que "usar minissaia é como andar nu pela rua."
"Você pode causar um acidente porque algumas pessoas daqui são psicologicamente fracas", disse o ministro.
Para ele, o uso da minissaia deve ser classificado como uma "indecência" sujeita a penalização pela lei de Uganda.
Buturo alertou ainda para os perigos que enfrentam os motoristas que se distraem por causa das minissaias.
"Se você encontra uma pessoa nua, você começa a se concentrar no corpo da pessoa, mas continua dirigindo", disse.
"Hoje em dia é difícil distinguir a mãe da filha, elas estão todas peladas", afirmou o ministro.
Vícios
Nsaba Buturo acredita que o uso de roupas indecentes é apenas um dos muitos vícios da sociedade ugandense.
"Roubo e desvio de recursos públicos, serviços abaixo do padrão, ganância, infidelidade, prostituição, homossexualismo e sectarismo", citou o ministro.
Mmali explica que no início deste ano, a Universidade Makerere, em Kampala, decidiu impor regras para os trajes femininos na instituição.
A proibição da minissaia e das calças apertadas ainda não foi implementada, mas o assunto já parece dividir setores da sociedade.

O correspondente da BBC entrevistou mulheres no campus da universidade para saber a opinião delas sobre as posições do ministro Buturo.
"Se uma mulher quer usar a minissaia, tudo bem. Se outra quer colocar uma saia mais longa, tudo bem também", disse uma estudante.
Outras, no entanto, são mais solidárias às idéias do ministro.
"Acho que coisas mesquinhas não são boas. Estamos mantendo a dignidade da África como mulheres e temos que cobrir nosso corpo", disse uma estudante Sharon à BBC.

Fonte:
BBC Brasil

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Pois é... que a moda sempre gerou polêmica e muita discussão, todos já sabem! Entretanto, nestas últimas semanas, os holofotes da opinião pública e das autoridades políticas de dois países, em especial: Uganda e Estados Unidos, brilharam para alguns tipos de roupas urbanas: as famosas minissaias e as calças “baggy”.


Alvos de críticas e consideradas vilãs por representantes políticos destas duas nações, essas roupas (que em outros tempos foram censuradas como na época do ex-presidente Jânio Quadros, que restringiu o uso de biquínis nas praias do Rio de Janeiro) sofreram vários ataques de discursos completamente conservadores e um tanto descabidos para o atual momento da história humana.

De um lado, a oratória do ministro ugandense de Ética e Integridade, Nsaba Buturo, que afirma ser indecente e extremamente perigoso usar minissaias. Para ele, essas roupas são insinuantes demais e as principais responsáveis pelos acidentes de trânsito no país.

Do outro lado, nos Estados Unidos (um país que prega a democracia e a liberdade como premissa de nação), o uso de calças mais largas e não acinturadas se torna um motivo de prisão para adolescentes que tentam, através deste estilo de roupa, caracterizar sua ideologia de vida e sublimar a rebeldia.


Mas o que realmente gera certo desentendimento sobre estas duas situações é que na primeira: condenar o uso de minissaias por ser o principal fator de aciedentes de trânsito, é bastante engraçado, porque presume-se que a atenção do motorista deve estar voltada completamente para o trânsito e não às minissaias.


Já na segunda, se não existe nenhuma tentativa de ataque ao pudor por parte do individuo, qual é o problema de usar uma calça representante do expoente máximo da tribo de skatistas e da cultura hip hop?


Será que proibir é uma grande tendência para alguns anos? Ou a moda, que deveria ser a expressão individual que cada ser humano, não corre risco algum de ser castrada por discursos demagogos?


Alexandre Felice
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